Na próxima quarta-feira (de Cinzas), inicia-se a Quaresma - tempo litúrgico católico de preparação para a festa da Páscoa da Ressurreição de Jesus Cristo. É nesse tempo que a Igreja Católica promoverá mais uma Campanha da Fraternidade.
A Campanha da Fraternidade 2012 traz para o debate a realidade da saúde no Brasil, para contribuir na qualificação e no fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), em vista da melhoria da qualidade devida da população, dos serviços e do acesso a eles. Além de dar uma ideia de como o sistema de saúde funciona, a campanha quer trabalhar no sentido de que as pessoas assumam a sua própria saúde.
VER - A realidade vivenciada na área da saúde e compreender a origem e os desafios para a superação dos problemas apresentados.
"Saúde não é só bem-estar físico, mas trabalho, casa, convivência serena com os outros. Um trabalho que me ajuda a sobreviver, e isso o povo não tem. Não tem assistência no SUS. Entra numa fila enorme; uma outra fila para receber o dinheiro, outra para receber o remédio. O que é mais grave é que tem um conjunto que não deixa o povo viver bem: os meios de transporte públicos são precários, as casas são difíceis, vivem nos cortiços, na rua, o que paga aluguel não tem outra condição. E a saúde é uma coisa muito difícil para o povo brasileiro."
Ir. Alberta, Congregação de Dom Orione, São Paulo
"A mercantilização da saúde hoje está muito ligada a um modelo tanto hospitalocêntrico quanto alopático, farmacêutico, à influência da indústria farmacêutica no sistema de saúde. Então tem toda uma discussão também ligada aos planos de saúde, à privatização da saúde, que é muito importante colocar em pauta, porque a gente busca e defende o que o povo realmente quer: uma saúde pública gratuita, mas uma saúde de qualidade."
Marcelo Pelizzoli, professor na Universidade Federal de Pernambuco
JULGAR - Considerando a saúde como direito que deve ser assegurado a todo cidadão, tendo como referência os princípios de equidade e alteridade, os direitos humanos e a nossa Constituição.
“Hoje, no Brasil, saúde pública é sinônimo de SUS. Mas o SUS não apareceu assim magicamente. O SUS é uma construção de vários movimentos que foram chegando a diversos tipos de assistência à saúde, para que pudesse oferecer a toda população um sistema de saúde competente, eficaz, para todos.”
Jane Maria Reos Wolff, médica comunitária e do trabalho, Porto Alegre, RS
“Para difundir a saúde, vamos suar, vamos ter que ter consciência dos direitos, mas também da dignidade que nos torna autoimplicativos. Na medida em que entramos no consumismo, no desleixo com o ambiente, nós próprios não cuidamos da nossa saúde, da educação, da nossa forma de alimentar, não há sociedade que consiga estabelecer políticas capazes de sustentar isso.”
Marcio Fabri dos Anjos, professor no Centro Universitário São
Camilo, São Paulo, SP
AGIR - Para transformar as situações desumanizantes em defesa de um sistema de saúde eficiente, de um modo de viver decente para todos, como compromisso de solidariedade, para promover a saúde e a vida.
"O SUS, tido como talvez o melhor sistema de saúde do mundo, não está disponível para todas as pessoas e, no nosso entendimento, é por questão do financiamento que ele precisa ter para fazer aquilo para o qual ele foi criado. Estamos num país que tem tido muita dificuldade na questão de tornar público aquilo que deve ser público, porquanto muitos interesses particulares têm sido levados para o Congresso Nacional, que é onde se decidem as coisas."
Ronald Selle Wolff, médico de família, Porto Alegre, RS
"Investir em saúde não é investir em hospitais, não é investir em equipamentos, mas é investir fundamentalmente na educação da população para a saúde. A atenção primária, como se chama, investir em condições básicas sanitárias, em equipes integrativas, em visões, em políticas integrativas de saúde. Ou seja, criando autonomia com o paciente, com o sujeito. Autonomia para que as pessoas saibam, que tenham uma cultura, educação, de como não ficar doente, de como saber lidar com a sua doença em casa, para não precisar de todo um sistema posterior que vai ter um custo enorme."
Marcelo Pelizzoli, professor na Universidade Federal de Pernambuco
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