O PODER AO POVO
Que tipo de reforma política, então, defendem os
movimentos sociais? De acordo com o integrante do Instituto Nacional de Estudos Socioeconômicos (Inesc) José Antônio Moroni, é necessário ir
além das mudanças eleitorais e criar mecanismos para dar à população
condições reais de participar das decisões do país. Um instrumento
fundamental, nesse sentido, é a possibilidade de os próprios cidadãos
convocarem plebiscitos e referendos – competências hoje exclusivas do
Congresso Nacional. Além disso, seriam estabelecidos, de antemão, quais
temas deveriam ser definidos pela própria população.
“Grandes
projetos de impacto socioambiental, alienação de bens públicos,
privatizações, concessões, há uma série de questões que é a população
que tem que decidir se quer ou não”, pontua o integrante do Inesc.
As
propostas dos movimentos sociais para a reforma política estão reunidas
em um projeto de lei de iniciativa popular. Além do poder de convocação
de plebiscitos e referendos, o PL defende ainda financiamento público
de campanhas e a possibilidade de revogação de mandatos. O documento
pode ser acessado na página da Plataforma: http://www.reformapolitica.org.br.
A própria América do Sul, para o advogado e membro da organização Consulta Popular Ricardo Gebrim, oferece bons
exemplos de participação popular. O Uruguai é um caso: o país vizinho
permite que sua população convoque referendos e plebiscitos para decidir
temas importantes, como a privatização de recursos naturais.
“Várias
tentativas de privatização foram impossibilitadas porque o povo reuniu
assinaturas em número suficiente e convocou um plebiscito”, ressalta o
membro da Consulta Popular. Os uruguaios adotam, ainda, o financiamento
público para campanhas e utilizam o sistema de prévias eleitorais, no
qual qualquer cidadão, filiado ou não, está apto para escolher os
candidatos dos partidos.
A política deveria ser a forma democrática de como definimos os rumos do nosso País e construímos melhores condições de vida para todo mundo, mas da maneira como a política acontece hoje este objetivo está longe de se realizar. A política é um exercício que deve ser feito por todos e todas. Quando não agimos, os políticos decidem por nossas vidas e a maioria de nós nem sequer sabe o que está sendo definido.
Precisamos mudar esta realidade.
Precisamos mudar esta realidade.
Por isso estamos trabalhando para uma reforma do sistema político que amplie o poder do povo nas decisões. Precisamos ampliar a representação das mulheres, da população negra, do povo indígena, da pessoa em situação de pobreza, da população do campo e da periferia urbana, da juventude e da população homoafetiva, entre outros grupos. Por isso, defendemos o voto em uma lista pré- ordenada e transparente, com alternância de sexo e com critérios de inclusão destes grupos. Hoje a maioria dos parlamentares que representam a sociedade ou são ricos, donos de terras, de bancos, das fábricas e dos meios de comunicação.
Precisamos acabar com a corrupção, com o mau uso do dinheiro público, com sua utilização para objetivos pessoais e com a prática de utilizar a máquina estatal para se perpetuar no poder. Precisamos de uma política com ética, com transparência, com participação de todos os segmentos da sociedade e com instrumentos que possibilitem o povo decidir as principais questões. Contudo, para que isso ocorra, é necessário uma nova regulamentação dos instrumentos de democracia direta (plebiscito, referendo e iniciativa popular) e novas regras para o processo eleitoral. Neste sentido, defendemos a democratização dos partidos, o fim das coligações em eleições proporcionais e o financiamento público exclusivo de campanha. Buscamos, assim, o fim da interferência do dinheiro privado no exercício da atividade pública.
Defendemos também severas punições para o partido que se utilizar de outros recursos para financiar sua campanha. Queremos uma reforma política ampla, democrática e que possibilite a participação da população nas decisões e não apenas nos momentos eleitorais. Defendemos o poder do povo em revogar mandatos e o fim dos privilégios aos políticos, como por exemplo, férias de 60 dias, 14º e 15º salários, além do decoro parlamentar, do foro privilegiado e da imunidade parlamentar para que estes não sejam usados como instrumentos para a impunidade.
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