O tema do Grito dos Excluídos de 2013 foi definido, e esse ano a Juventude está no centro dessa manifestação que acontece
em 7 de setembro. “Juventude que ousa lutar, constrói o projeto popular” é o
lema do 19º Grito dos Excluídos definido pela a coordenação do Grito que
acolheu sugestões de vários grupos, comunidades, dioceses, movimentos,
sindicatos, para a escolha.
O Grito dos Excluídos é uma manifestação popular carregada
de simbolismo, é um espaço de animação e profecia, sempre aberto e plural de
pessoas, grupos, entidades, igrejas e movimentos sociais comprometidos com as
causas dos excluídos. É realizado em um conjunto de manifestações realizadas no
Dia da Pátria, 7 de setembro, tentando chamar à atenção da sociedade para as
condições de crescente exclusão social na sociedade brasileira.
O Grito dos Excluídos, como indica a própria expressão,
constitui-se numa mobilização com três sentidos:
- Denunciar
o modelo político e econômico que, ao mesmo tempo, concentra riqueza e
renda e condena milhões de pessoas à exclusão social;
- Tornar
público, nas ruas e praças, o rosto desfigurado dos grupos excluídos,
vítimas do desemprego, da miséria e da fome;
- Propor
caminhos alternativos ao modelo econômico neoliberal, de forma a
desenvolver uma política de inclusão social, com a participação ampla de
todos os cidadãos.
Hoje, caminha lado a lado com os setores da juventude que
amadureceram, ganharam conhecimento dos desmandos cometidos pelos governantes e
os demais poderes podres deste país, descobriram que o país não é dos políticos
e sim do povo, ousaram e ousam assumir seu protagonismo, exigindo mudanças
radicais das estruturas políticas, econômicas e sociais deste país.
Nem a violência institucionalizada, e aprofundada a partir
da ditadura militar dos anos 1964
a 85, conseguiu criar barreiras à avalanche juvenil que,
determinada a dar um “basta!” aos crimes do colarinho branco, ocupou as ruas
das grandes cidades do Brasil.
Apesar dos esforços em contrário, a mídia corrompida se viu
forçada a reconhecer e divulgar o vigor de uma juventude determinada a dar o
seu grito. E o grito, sem os tradicionais microfones e alto-falantes, ecoou
pelo Brasil afora e repercutiu no mundo inteiro, sacudiu as estruturas do poder.
Representantes de diversos movimentos sociais participaram
nesta sexta-feira (30) da coletiva de imprensa da 19ª edição do Grito dos
Excluídos, na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) Sul I, em São Paulo (SP), onde
falaram sobre as temáticas que serão destaques nas mobilizações deste ano.
Além do lema central "Juventude que ousa lutar constrói
o projeto popular”, as manifestações do Grito dos Excluídos, que ocorrerão
principalmente no dia 7 de setembro (Dia da Independência do Brasil), também
pedirão a democratização dos meios de comunicação, o fim do extermínio da
juventude nas ruas, a construção de um projeto popular do Brasil, melhorias nos
serviços de saúde e educação, entre outras demandas.
"O lema da juventude veio bem a calhar neste ano pela
discussão da Jornada Mundial da Juventude, pela exclusão social de jovens e das
manifestações populares que aconteceram em junho e foram protagonizadas
principalmente pela juventude”, disse a assessora de imprensa do Grito,
Alexania Rossato.
De acordo com ela, participaram da coletiva representantes
da 26ª Romaria dos Trabalhadores e Trabalhadoras, ato que acontece na cidade de
Aparecida (SP) em paralelo aos protestos do Grito dos Excluídos; do Movimento
dos Atingidos por Barragens (MAB), que realizará seu encontro nacional na
próxima semana e engloba pessoas que são excluídas das políticas do Estado ao
serem impactadas por construções de barragens; da Pastoral Carcerária, que
levantou a questão da violência contra os jovens e relembrou os massacres
ocorridos em presídios e cidades brasileiras; do Movimento Nacional dos
Moradores de Rua e outros.
Caracterizado por ser uma ação coletiva planejada por
organizações, movimentos e pastorais sociais há 19 anos, o Grito dos Excluídos
"não é um evento só do [dia] 7 de setembro, mas sim um processo construído
durante o ano todo”, explicou Alexania.
Segundo ela, as manifestações organizadas do Grito
acontecerão em quase todas as capitais brasileiras e a previsão é de serem
realizadas mais de mil ações em várias cidades do país, para levar às ruas as
demandas de diversos setores excluídos pelo governo.
ECO DAS MANIFESTAÇÕES DE JUNHO
Suas palavras de ordem, suas exigências ressoam e se aliam
às inúmeras reivindicações que afloraram durante os vários dias das
manifestações das novas gerações: emprego/trabalho para os 3,7 milhões de
jovens desempregados; salários que respondam às necessidades vitais das
famílias dos trabalhadores; moradia para os milhões que dela carecem; terra
para os que pretendem plantar e colher e repassar internamente para combater a
fome que invade milhões de lares brasileiros; serviço público de saúde que
previna e cure doenças, que invista na pesquisa científica; estrutura de
educação pública e requalificação constante de professores, assim como
remuneração adequada à dedicação integral na sua nobre tarefa de educar e
preparar nossa infância e juventude para revolucionar este país desigual.
Outra importante exigência do nosso povo, e que ressurge com
força neste ano de 2013, é a ampliação dos direitos sociais, e não sua
criminosa redução, como vêm exigindo os detentores do capital nacional e
internacional.
Outro destaque é para a urgente mudança na concepção e
estrutura das polícias brasileiras, que foram militarizadas pela ditadura
militar e desvirtuadas de sua função de garantir os direitos do povo, direitos
de todos, para se colocar a serviço dos interesses do capital espoliador,
gerador de miséria e de escravidão.
O lema do Grito dos Excluídos “Juventude que ousa lutar
constrói o poder popular” nos remete à importante tarefa de, pelas experiências
e práticas de ocupação dos espaços, ir amadurecendo as ideias básicas para a
elaboração de um projeto popular. Projeto que, de fato, venha – com o tempo
devido – revolucionar o país, construir uma nova forma de governo, sob controle
popular, que substitua o Estado burguês apodrecido e excludente, principal
gerador do estado de violência reinante, que banaliza e destroi a vida. Que,
nesse processo crescente de experiências, gere as bases sólidas para a
construção de outra sociedade, onde a justiça, a solidariedade entre todos e a
distribuição de renda prevaleçam definitivamente sobre os criminosos interesses
do sistema capitalista.
"O Gritos dos Excluídos é um grande momento para a
população brasileira sair às ruas e protestar, fazer suas demandas. Não só a
juventude, mas pessoas de qualquer idade. Queremos animar as pessoas a
participarem e darem seu grito também”, enfatizou.
"A juventude, ao mesmo tempo em que é sinal de
esperança e potencial de criatividade, é a mais excluída da sociedade, seja por
conta do trabalho ou da violência", disse Marcelo Naves, membro do
Instituto Paulista de Juventude.
Segundo Naves, nos últimos anos o Brasil tem avançado no
mundo do trabalho, mas não o suficiente para incluir os jovens. "Dos
desempregados (do País), metade são jovens. E, dos que estão empregados, há uma
quantidade enorme em condições precárias, principalmente no mercado
informal", disse Naves.
Os jovens, de acordo com ele, também estão excluídos da
educação, principalmente nas universidades públicas e federais, apesar do
governo ter criado programas de inclusão, tal como o Programa Universidade para
Todos (Prouni). "E, por último, há ainda a questão da violência e do
extermínio. Estamos, de fato, assistindo ao genocídio da juventude negra. A
gente registra cerca de 50 mil homicídios por ano e, desse total, em mais de
40% das vítimas são jovens", disse ele.
Na capital paulista, o ato terá início às 8h com uma missa
que será celebrada na Catedral da Sé, na região central. Depois, haverá um ato
político a partir das 9h, na frente da catedral, com a participação de
sindicatos, movimentos sociais, pastorais sociais e partidos políticos.
Em seguida, os manifestantes sairão em caminhada da Praça da
Sé até o Parque da Independência, no Ipiranga, local onde D. Pedro I declarou o
Brasil independente de Portugal, em 1822. "Lá, em frente ao Monumento (da
Independência), faremos o contraponto do grito de independência com o grito dos
excluídos."
No mesmo dia, haverá também um ato na cidade de Aparecida,
interior paulista. "O grito começa a partir das 6h, com a romaria dos
trabalhadores", disse Liciane Andrioli, militante do Movimento dos
Ameaçados por Barragens (Moab).
Já no dia 5 de setembro haverá o pré-grito, com início às
8h, na avenida Paulista. "O pré-grito tem um caráter de preparação para o
dia 7 de setembro. Em São
Paulo , estamos organizando um pré-grito com concentração das
ações na avenida Paulista e um dos temas principais é a denúncia do modelo
energético implantado em nosso país. Uma das pautas é o direito dos atingidos
por barragens", disse Liciane. Segundo ela, há hoje no País mais de 2,2
mil barragens, "que expulsaram mais de um milhão de pessoas".
"E, desse total, mais de 70% não tiveram o reconhecimento de seus
direitos", disse Liciane.
O Grito dos Excluídos foi criado em 1994, mas o primeiro
evento só ocorreu em setembro de 1995. Ele é organizado pela Pastoral Social da
Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e tem apoio do Movimento dos
Ameaçados por Barragens (Moab) e pelo Movimento Nacional dos Moradores de Rua,
entre outros. Mais informações e o cartaz com o tema do Grito deste ano podem
ser encontrados em www.gritodosexcluidos.org.
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